14 de junho de 2013

...DE PASSAREM AVES, Jorge de Sena

Das aves passam as sombras,
um momento, no chão, perto de mim.
No tardo Verão que as trouxe e as demora,
por que beirais não sei
onde se abrigam piando
como ao passar chilreiam.

Um momento só. Rápidas voam!
E a vida em que regressam de outras terras
não é tão rápida: fiquei olhando,
as sombras não, mas a memória delas,
das sombras não, mas de passarem aves.

in Ana Hatherly, Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa, Lisboa, Direcção-Geral do Ensino Primário, 1960, pp.110-111.
(lido na sessão de 7 de Junho)

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